Tribunal do Júri realizado em Gravataí (Região Metropolitana de Porto Alegre) condenou um homem a 42 anos de prisão pelo assassinato a tiros da ex-companheira e do namorado dela. Conforme o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), o crime foi cometido na madrugada de 16 de julho de 2022, em uma residência no bairro Cruzeiro, quando o autor tinha 37 anos, a mulher 25 e o parceiro 22.
A sentença reconheceu as qualificadoras de feminicídio (pela condição de gênero), motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, Ketelyn Mota Cabeleira, além do agravante de descumprimento de medida protetiva vigente na época. No que se refere ao rapaz assassinado, Robson Fernando de Oliveira Ávila, a pena também envolve homicídio duplamente qualificado.
Após atuar na acusação em plenário, a promotora de Justiça Priscilla Raminelli Leite Pereira anunciou que recorrerá da sentença para aumentar o tempo de prisão determinado para o réu:
“O MPRS ficou satisfeito com a condenação, porque as vítimas eram pessoas jovens, felizes, que estavam iniciando uma vida juntos, e que nada justifica aquela brutalidade do réu, que foi condenado a uma pena alta. Mas será protocolado recurso para aumentar a pena, no entendimento de que a sentença pecou em alguns aspectos”.
Ele acrescentou: “Espera-se que essa condenação sirva de exemplo para reforçar que não serão admitidos feminicídios em Gravataí. Além disso, as famílias e amigos das vítimas se mobilizaram e realizaram um ato pacífico em frente ao Fórum, acompanhando o julgamento até o final, que se encerrou após a meia-noite”.
O incidente
De acordo com a apuração realizada pela Polícia Civil, o réu invadiu a residência da ex-companheira durante a madrugada de 16 de julho de 2022 e efetuou os disparos que mataram o casal, que não teve chance de fugir ou se defender. O corpo de Ketelyn foi encontrado dentro da casa, enquanto o do namorado estava caído junto à porta de saída. Ambos estavam juntos havia pouco mais de um mês.
A vítima era técnica de enfermagem e atuava como socorrista voluntária. Ela havia registrado boletim de ocorrência contra o agressor semanas antes do crime. O fato motivou a Justiça a lhe conceder medida protetiva, mas isso não foi suficiente para deter o ímpeto do ex-companheiro, inconformado com o fim da antiga relação e com o novo rumo sentimental tomado por Ketelyn.