Boletim divulgado na terça-feira (25) pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do Rio Grande do Sul aponta uma alta de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho no primeiro trimestre (antes das enchentes), em comparação ao mesmo período em 2023. O desempenho foi puxado pela agropecuária, que recuperou espaço após dois anos marcados por estiagem prolongada e excesso de chuvas.
O relatório aponta como destaques o setor como um todo, que cresceu 59,1%, bem como serviços (1,2%) e indústria (0,5%). Na mesma base comparativa, a economia brasileira teve expansão de 0,8%, com índice de 11,3% na agropecuária, 1,4% nos serviços e 0,1% na indústria.
Elaborado pelo pesquisador Martinho Lazzari, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da SPGG, o documento foi apresentado a presença do secretário-adjunto da SPGG, Bruno Silveira, da subsecretária de Planejamento, Carolina Scarparo, e do diretor do DEE, Pedro Zuanazzi.
Análise setorial
Na indústria, as quatro atividades que compõem o segmento apresentaram alta – entre elas a indústria de transformação, a principal do setor, com expansão de 0,1%; a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (0,4%); a construção (0,2%); e a indústria extrativa (1,5%), a de menor representatividade industrial no Estado.
Nos serviços, o destaque positivo ficou por conta do comércio, com crescimento de 3,5% no primeiro trimestre de 2024 em relação aos últimos três meses do ano passado. As atividades de transportes, armazenagem e correio (1,5%) e serviços da informação (1,3%) também avançaram, enquanto a atividade de intermediação financeira e seguros foi a única do segmento a apresentar queda (-1,7%).
Quando a comparação tem por base o primeiro trimestre de 2023, a economia gaúcha apresentou crescimento de 6,4%. O Brasil, na mesma base, cresceu 2,5% no período.
“Os números do primeiro trimestre indicam que estávamos no caminho certo. Com a ocorrência dos fenômenos de maio, o governo está focado em todas as ações para reação da economia a partir de medidas estruturantes que possam nos guiar neste desafio”, avalia Silveira.
Comparação anual?
O crescimento nas lavouras de soja (71,2%) e de milho (26,4%), ambas afetadas pela estiagem em 2022 e 2023, puxaram a alta da agropecuária no primeiro trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre as principais culturas agrícolas do trimestre no Estado, o arroz também teve avanço na produção (4,3%), enquanto o fumo (-2,6%) e a uva (-22,2%) registraram queda.
Na indústria, a alta de 2,6% entre janeiro e março foi influenciada principalmente pela atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, com crescimento de 40,7%. “A estiagem registrada nos primeiros meses de 2023 restringiu a produção de energia hidroelétrica, o que impactou no resultado econômico da área. As chuvas dentro da normalidade no início deste ano reverteram o quadro”, explica Lazzari.
A indústria extrativa mineral teve alta de 2,1% no período em relação ao ano passado, enquanto a indústria de transformação, principal atividade industrial do Estado, registrou queda de 1%. Construção caiu 0,4% no período.
Dentre as 14 atividades monitoradas da indústria de transformação, a queda nos números é explicada, principalmente, pelo desempenho da fabricação de máquinas e equipamentos (-26,8%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,5%) e produtos alimentícios (-4,9%). Entre as altas mais expressivas, se destacaram as atividades de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (+93,9%) e produtos do fumo (+19,4%).
“No primeiro trimestre de 2023, a Refinaria Alberto Pasqualini esteve com a produção pausada para manutenção e realização de investimentos. Com a retomada neste ano, a produção voltou aos padrões habituais”, conta Lazzari.
Nos serviços, a elevação de 3,2% foi influenciada especialmente pelo comércio (4,7%), outros serviços (5,1%) e serviços de informação (5,1%). Dentre o comércio, foram destaques os aumentos nas vendas em supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (14,1%), veículos (18,8%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (10,2%). Já as baixas mais significativas foram nas vendas de combustíveis e lubrificantes (-5,2%), bem como de material de construção (-2,5%).
Com o resultado de janeiro a março, no acumulado de quatro trimestres o PIB do RS apresenta crescimento de 3%. No país, a alta é de 2,5%.