A Polícia Civil do Distrito Federal disse, na quarta-feira (2), que um laudo preliminar aponta que a morte de Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, de 37 anos, em um acidente de carro em Brasília foi causada pelo lançamento de uma peça compatível ao airbag do carro que ela dirigia. No entanto, o delegado Victor Dan, da 3º DP, no Cruzeiro, explicou que ainda aguarda o resultado de outros laudos do Instituto de Criminalística para confirmar a origem do fragmento.
O acidente aconteceu na terça-feira (1º), em frente ao Terminal Rodoviário do Cruzeiro. Marcela bateu na traseira de um veículo que estava parado em uma faixa de pedestre. O fragmento do airbag teria atingido a cervical da assistente social, segundo o laudo preliminar.
"Nós temos que diferenciar a responsabilidade da montadora e da empresa. Estamos analisando se houve as revisões do veículo e se houve a constatação dessa falha", diz o delegado.
Em nota, a Toyota, fabricante do carro, lamentou o ocorrido e disse que o modelo "se encontra com campanha de recall pendente desde 2019". O airbag usado no Etios XS 1.5, modelo 2015/2016 da vítima foi fabricado pela empresa japonesa Takata, que faliu após vários problemas com o equipamento.
A hipótese da PM, que atendeu primeiro a ocorrência, era de que a peça que atingiu Marcela fosse a espoleta, o que também consta no laudo preliminar.
Espoleta é, geralmente, uma cápsula com um material explosivo que inicia a reação que infla o airbag durante uma colisão.
O velório e o sepultamento de Marcela será nesta quinta-feira (3), no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Ela deixa duas filhas.
O Etios XS 1.5, modelo 2015/2016, modelo do carro dirigido por Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, tem dois "recall" de airbag, do passageiro e do motorista, pendentes de acordo com o portal da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN).
A Toyota disse que há uma campanha de recall para esse modelo há 5 anos. "Para que a Toyota possa fornecer maiores informações, será necessária perícia técnica", disse a fabricante.
No Brasil, quase 2,5 milhões de carros estariam circulando com airbags defeituosos. Os equipamentos são da marca japonesa Takata e foram utilizados em carros fabricados por 17 montadoras entre os anos de 2001 e 2018.
Para inflar o airbag, quando acionado, a Takata utilizava um composto químico chamado nitrato de amônio. Mas, ao longo dos anos e em contato com calor e umidade, o composto se torna altamente explosivo, além de poder corroer partes metálicas do equipamento.
Nos Estados Unidos, país em que mais de 20 milhões de carros com airbags defeituosos foram vendidos, segundo a agência federal de segurança automobilística do país, a empresa japonesa se declarou culpada e teve que pagar uma multa que passou de 1 bilhão de dólares.
No momento em que o airbag infla, são projetadas partes do equipamento para a parte interna do carro. Segundo a Senatran, a responsabilidade pelo chamamento para recall é das montadoras que devem promover campanhas para alertar os donos de veículos.
O recall é grátis
Não há prazo de validade para o recall
Carros mais velhos podem ser consertados a qualquer momento
Tenha em mãos o número do chassi ou a placa para descobrir se o airbag precisa ser trocado
Carros que não fizerem o recall em um ano após o chamamento não terão licenciamento