Entre as 884 páginas do relatório da Polícia Federal (PF), que detalhou minuciosamente a trama golpista arquitetada por Jair Bolsonaro com o apoio de militares, uma mensagem em particular causou grande impacto na cúpula das Forças Armadas.
De todo o conteúdo que expôs os planos golpistas, foi uma declaração do coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, que na época era assessor no Palácio do Planalto, que provocou um alvoroço no Exército.
A mensagem de Vieira de Abreu falava sobre um racha dentro do Alto Comando, composto por 16 generais de quatro estrelas, o que gerou grande preocupação entre os militares.
No áudio, Vieira de Abreu, que atuava como chefe de gabinete do general Mário Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, fez uma declaração preocupante, afirmando:
“Cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. Infelizmente. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar.”
Essa afirmação trouxe à tona uma divisão no Alto Comando do Exército, o que causou estranheza e preocupação. Além disso, Mauro Cid, ex-assessor direto de Bolsonaro, revelou que o general Estevam Theophilo se reuniu com o ex-presidente no final de 2022 e se colocou à disposição para apoiar o golpe, enquanto ainda integrava o Alto Comando do Exército. Este foi o primeiro general a ser apontado nominalmente como golpista.
O que mais incomoda a cúpula militar, neste momento, é o clima de desconfiança que paira sobre os outros generais do Alto Comando, especialmente porque ainda não se sabe quem seriam os outros dois generais que, conforme o relato de Vieira de Abreu, “queriam muito” o golpe.