Em cirurgia com seis horas de duração, um paciente de 55 anos com doença de Parkinson recebeu no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) o implante de um eletrodo para estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês). O procedimento – realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) – foi o primeiro desse tipo na instituição, pertencente ao Estado e administrada pela Fundação de Cardiologia de Porto Alegre.
A cirurgia é considerada a mais eficaz no tratamento da doença degenerativa do sistema nervoso e que afeta os movimentos do corpo. Na maioria dos casos, alivia sintomas como tremores e rigidez, além de recuperar funções perdidas.
O eletrodo é indicado somente para quem não apresenta melhoras com o uso de medicamentos. Trata-se, no entanto, de uma alternativa que depende da avaliação dos sintomas por uma equipe multidisciplinar.
A operação foi realizada pelo neurocirurgião Paulo Roberto Franceschini e a equipe médica do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia (Ceanne) do Hospital. Eles inseriram dois eletrodos em uma região do cérebro responsável pelo controle do aspecto motor.
Na primeira parte do procedimento, o paciente permaneceu acordado para que pudessem ser realizados testes neurológicos e garantido o correto posicionamento dos dispositivos. Em seguida, com o paciente já sob efeito de anestesia geral, foram implantadas as extensões e o neuroestimulador – uma espécie de “marca-passo cerebral”.
Após a recuperação no centro cirúrgico, o paciente foi encaminhado na mesma noite para a unidade neurológica, aguardando a alta hospitalar sem apresentação de sintomas. Ainda de acordo com a direção do HRSM, quando o neuroestimulador é ativado (em ambulatório), aplica estímulos elétricos.
“Esse dispositivo já diminui bastante os sintomas de forma temporária mesmo antes de os eletrodos estarem ativos”, salienta o diretor administrativo do Hospital, Geison Farias. “É um orgulho para o Hospital Regional de Santa Maria realizar este procedimento que trará qualidade de vida ao paciente e restabelecimento de suas atividades de vida cotidiana.”
O HRSM entrou em operação em 2020, após mais de uma década de espera, e desde então vem qualificando e ampliando seus atendimentos. Além do implante no dia 20, realiza cirurgias em pacientes com tumor cerebral quase semanalmente desde setembro de 2022. Até agosto deste ano, quando recebeu habilitação federal, realizou quase 200 cirurgias com recursos exclusivos do Tesouro do Estado.
Saiba mais
A doença de Parkinson é uma condição que afeta o sistema nervoso central (região do cérebro encarregada de receber e processar informações), principalmente o sistema motor, responsável por controlar os movimentos do corpo. Sua causa é a redução progressiva da produção de dopamina, molécula cerebral responsável por controlar movimentos como andar, escrever e falar.
Trata-se da segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, afetando atualmente cerca de 11 milhões de pessoas. Seus principais sintomas corpóreos incluem lentidão nos movimentos, tremores involuntários, rigidez muscular.
Uma combinação de fatores genéticos, ambientais e do envelhecimento cerebral podem ter um papel no desenvolvimento do parkinson. O diagnóstico é complexo e geralmente requer a avaliação de um neurologista especializado em distúrbios do movimento.
Já o tratamento tem por objetivo controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida do paciente e impedir o avanço da doença. A abordagem terapêutica é individualizada e pode incluir uma combinação de medicamentos, terapias físicas, ocupacionais e outras intervenções.